Fernando Pessoa, em texto, naturalmente contextualizados ao momento que dizem: 1) da qualidade impressionante da sua escrita e da sua reflexão; 2) de si e da figura intrincada, complexa e que com toda a admiração que nutro por vezes me questiona; 3) da actualidade permanente de alguma reflexão. A conhecer e a reconhecer.
O caso mental português
Fernando Pessoa
“Nunca o português tem uma acção sua, quebrando com o meio, virando costas aos vizinhos. Age sempre em grupo, sente sempre em grupo, pensa sempre em grupo.”
“O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte no desenvolvimento superior dela - em segui-la pois mimeticamente, com uma subordinado inconsciente e feliz”
“Mas o provincianismo tem outro aspecto, um pouco mais provinciano. Não se pode ser adulto com uma mentalidade análoga À da criança sem com isso sofrer qualquer coisa. Assim vivemos em aldeia em Portugal inteiro. Conhecemo-nos todos, ou é como se nos conhecêssemos. Por isso avaliamos do trabalho de um ou de outro segundo a nossa simpatia ou antipatia por ele - simpatia ou antipatias baseadas em elementos estranhos a esse trabalho: aspecto físico, rivalidade pessoal, política. Se falar em António Correia de Oliveira a um republicano, por culto que seja, já sei que dirá mas dele como poeta, porque é conservador. Se falar de Aquilino Ribeiro a um monárquico, or culto que seja, já sei que dirá mal dele, porque é radical. E se em um caso ou outro não disser mal, é porque sucede ser amigo dele. Assim tudo se traduz, em fim, numa política de campanário arruinado."
0 comentários:
Enviar um comentário