em 2011 (I)

o...

menções...

...

e

em 2011 (II)

o...

menções...

...

e (contigo)

em 2011 (III)

josé soeiro.

o seu texto.
o caminho para mim.
simples. incisivo. marcante.

ano novo, vida nossa

bateram as 12 badaladas e anunciaram que tínhamos ficado em 2011. na televisão, um comentador explicava: "seria uma irresponsabilidade mudar de ano agora, em plena crise." o colega de debate, especialista em finanças cronológicas, concordava: "não estamos em tempo de comprar novos calendários, as pessoas têm de compreender que é preciso fazer sacrifícios."
claro que nem toda a gente aceitou pacificamente a ideia. milhares de jovens que iam fazer 18 anos em 2012 organizaram manifestações pelo direito ao futuro: "não queremos ficar com as nossas vidas congeladas", gritavam nas ruas. movimentos de cidadãos fizeram uma jornada contra o "recuo histórico" que significava voltar ao passado. houve uma greve por um novo calendário e por melhores condições de vida. clandestinamente, alguns começaram a produzir calendários alternativos e a funcionar com as datas de 2012. O governo explicou que era "totalmente inviável" mudar de ano. sugeriu que os jovens emigrassem. perante os protestos, ameaçou prender quem tentasse fazer um ano novo à revelia do acordo estabelecido com parceiros internacionais.

de repente, as praças foram ocupadas pela gente. fizeram-se músicas, contos, poemas, filmes sobre os futuros possíveis: como seria um ano novo? as pessoas começavam a criar aquilo de que falavam. aguentaram semanas na rua, numa lenta impaciência. Até que um dia o poder viu-se impotente: já não restava ninguém em 2011.»

josé soeiro

público 

[30.12.2011]

lá fui eu a hollywood...

...em dia de despedir e despedir-me.
até o nolan. onde está (no subconsciente?) o memento em ti?

inception (a origem)

cchristopher nolan

[2010]

"tens dois minutos para criares um labirinto que eu não consiga resolver num minuto."

das russenhaus (gabriele muenter)

"não cooperaram, não quiseram manter-se vivos",

ou o retrato surreal das autoridades que temos.

do fim...

julian barnes é um dos escritores do momento.
poderoso, simbólico, envolvente.
coloca-se e coloca-nos nos seus livros... em especial os pós-fim.
aqui, o ending, acompanha-nos do início ao fim... e persiste no pós-fim.

the sense of an ending (o sentido do fim)

julian barnes

[2011]

"eu era acometido duma sensação a que só posso chamar pré-culpa: a expetativa de que ela dissesse ou fizesse algo que me fizesse sentir verdadeiramente culpado".

 

"posso perguntar-te uma coisa? perguntas sempre, respondeu. deixaste-me por causa de mim? não. deixei-te por causa de nós."

"a saída mais fácil [suicídio]. não que possa haver aí nada de fácil, nesta última asserção de individualidade contra a generalidade que a oprime."

história(s)

"a história é essa certeza que se produz no ponto em que as imperfeições da memória se cruzam com as insuficiências da documentação"  

patrick lagrande

off.

brilhante construção das inquietantes constelações comportamentais...
brilhante justificação do sistema. brilhante formulação do filme.
de um filme, muito maior que um país. muito melhor que um país. de um realizador que o país - agora - não merece.

offside (fora de jogo)

jafar pahani

[2006]

fp.

para quem? e para os amigos de quem?

orfeu

tanto, tanto, tanto potencial.
para apenas em rasgos, ser bonitinho. e só bonitinho.
pena.

orphée (orfeu)

josé montalvo e dominique hervieu

[culturgest, lisboa, 18.12.2011]

50/50

filme, assim.
50/50.
calmo, quieto.

50/50

jonathan levine

[2011]

pesetero.

ponto final.

saudade.

sangue do meu...

para todos os que "fogem" ao cinema português.

canijo e sua equipa... nos plano duplos, no "entrar" pelo bairro, na banda sonora acidental (tony, mundial, ...) que não desmorona (quanto tudo à volta desmorona).
um ciclo. uma vida. uma obra-prima.

sangue do meu sangue

joão canijo

[2011]

simbiótico.

o flamenco com a sitar.
aquelas músicas e músicos com o público.
o som e o ambiente comigo.
hipnótico!

anoushka ahankar ensemble

lisboa, fundação calouste gulbenkian

[12.12.2011]

a questão finkler...

a questão "todos os nomes".
escrita fluente. contagiante.
temática contagiante. fluente.
um livro a não perder. um booker inesperado. um booker feliz.

 the finkler question (a questão finkler)

howard jacobson

[2011]

"e sem resistência dentro dele, sem instinto de preservação, sem amour de soi, ou qualquer que seja a palavra para aquela cola que impede um homem de se desintegrar e o ensina a viver no presente."

"t.s. eliot dissera a auden que a razão porque fazia paciências noite após noite era que se tratava da coisa mais próxima de estar morto."

(pouco) dangerous.

cronenberg só cumpre.
o que estranho, nele.
mais, tendo em conta o potencial do argumento. e dos atores.
ainda assim, a olhar. e recordar. e escutar. acomodar...

 a dangerous method (um método perigoso)

david cronenberg

[2011]

fight club privado...

não de dezenas de milhões.
meu. meu e (quase) só meu.
perfeito.

o cheiro do ralo

heitor dalhia

[2006] 

uma pequena viagem...

...a cabo verde.
à boleia de uma voz cheia. de uma mulher cheia.

maria alice

[fea, 03.12.2011]

ser campeão é detalhe.

o magrão (sócrates). 
o futebol.
o povo.
a decisão a ele.

!

"andar de comboio será impossível porque os passageiros irão asfixiar com a velocidade."

dionysius lardner

[cientista irlandês, séc. XIX]

diferente.

mas triste.

the saddest music in the world (a canção mais triste do mundo)

guy maddin

[2003]

!

na noite da greve geral...

porque será?
grande, grande. grandes.

film socialisme

jean-luc godard

[2010]

na madrugada da greve geral...

irène.
um olá sentido. um adeus. amor.

irène

alain cavalier

[2009]

melancolia, melancolia por...

...te afastares de ti. trier.
...me afastares de ti. trier.

melancholia (melancolia)

lars von trier

[2011]

mágico.

l'illusionniste (o mágico)

sylvian chomet

[2010]

abril despedaçado.

o belo no seu esplendor.
filme brutal... de um mundo brutal.

abril despedaçado

walter salles

[2001]

departures.

a imagem como cultura...
a cultura como forma de interpretar o presente...
e o não presente... a passagem pelo caminho.
bah! que força.

okuribito (a partida)

yôjirô takita

[2008]

emigrar.

está na ordem do dia...
emigrar.
somos aconselhados por amigas... por amigos... e - agora - por pessoas (certamente não políticos) com responsabilidades de estado (certamente não políticas).

mas, o mais inacreditável, é que este é o mesmo discurso que ouvi aos governantes de são tomé e príncipe enquanto me explicavam porque é que não tinham as suas fortunas no país mas sim nos bancos portugueses ou suíços. e como aconselhavam tudo e todos a emigrar... por aqueles motivos.

não sei se é dos tempos que vivemos (no fundo, se isto é global) ou da nossa classe política mas a falta de visão e de perspetiva é algo arrebatador.

arrebatador.

ontem.

jp simões

she [29.10.2011]

uma verdade incoveniente ou...

...fundo negro sobre fundo negro.

an inconvinient truth (uma verdade inconveniente)

davis guggenheim

[2006]

do que é que estás à espera?

sem princípio... nem fim.

um bom livro num péssimo título.

o coração é um caçador solitário

carson mccullers

[2010]

"como é que o terror o conseguia esmagar daquela forma, quando ele nem sequer sabia o que o provocava?"

"não havia princípio nem fim para a tristeza que sentia"

cultures of resistence.

o poder da resistência.
em palavras, gestos, imagens e sons.
com a força das palavras, gestos, imagens e sons.

 cultures of resistance

iara lee

[2010]

o início de naked.

bom.
muito bom até.
mas não tão bom.

secrets and lies (segredos e mentiras)

mike leigh

[1996]

tree...

ai, ai, ai.
inveja, inveja, inveja.
um monumento para ver sem escutar. e para escutar sem olhar.
a síntese perfeita. o filme per.....

the tree of life (a árvore da vida)

terrence malick

[2011]

aquela...

amendoeira é tua.
tua. só tua.

15O

falta voz.
mais (d)esta voz.

por falar em crise(s)...

o gigante céu de são paulo, ondulado (entoado) com a música de santaolalla.
brilhante filme. brilhante fim. brilhante céu. [pouco] brilhante mundo.

linha de passe

walter salles & daniela thomas

[2008]

não são só...

cortes cegos.
nem só cortes.
são políticas. caminhos. perspetivas. interesses.

os sudários de verónica.

os sudário no/e o envolvimento.
a literatura e o doutoramento.
que luta. que luta vã.

o galo do mato

michel tournier

[1986]

psy. psy. psy.

grande, grande espectáculo.
grande, grande programação.
culturgest.

psy

le 7 doigts de la main

lisboa, culturgest

[08.10.2011]

after...

afterschool e o cinema [de um] português.
como a exploração dos limites (não-limites) da câmara se cruza com a exploração da vivência dos limites (não-limites) da contemporânea vivência da adolescência/juventude.
bom. muito bom.

afterschool (depois das aulas)

antónio campos

[2008]

ai.

"je crois que la beauté (...) n’est pas autre chose que l’expression du fait qu’une chose a été aimée. toute beauté de l’art ou du monde trouve son origine dans le pouvoir de rendre un amour intelligible."

r. musil

la nostra vita e...

la nostra italia.
a itália do sul tal como ela é. um país.
filme simples. filme. filme. e filme.

la nostra vita (a nossa vida)

daniele luchetti

[2010]

one day...

mi ré miró.

ontem, tgr.
visualmente poderoso.
muito poderoso. muito miró.

paris...

paris. allen.
paris e allen.
allen e paris.
o seu regresso. o regresso do melhor allen. em paris. com paris.
claro.

midnight in paris (meia-noite em paris)

woody allen

[2011]

hoje...

cn.
diferente.

(d)a solidão.

o cinema italiano é o que na europa mais vende e mais público tem.
é-o por dois motivos. porque se comercializou o suficiente para encher salas de cinema. porque tem novos (pequenos) realizadores que procuram reescrever o trabalho dos (seus) grandes mestres italianos.
este filme tem público pela primeira razão.
eu prefiro os que têm pela segunda.

la solitudine dei numeri primi (a solidão dos números primos)

saverio costanzo

[2010]

"três anos é para sempre!"

mais um...

dos e das que nunca desaparecem...
júlio. júlio resende.

auto.

um autêntico auto... do gosto. da paixão. do querer (descontrolado).

auto-de-fé

elias canetti

[2011]

"todo o ser humano necessita de uma pátria... uma pátria em que o solo, o trabalho, os amigos, as diversões e o espaço espiritual confluam num todo natural e organizado, numa espécie de cosmos próprio. a melhor definição de pátria é uma biblioteca."

"esse percipi: ser é ser percebido; o que não percebo, não existe."

fim de dia triste...

triste pela forma como o medo nos verga.
de quem se imola pelo fogo em frente a um banco a quem nega medicamentos a um (uns?) país(es) passando por não se fazer o que tem que se fazer por receio do que isso possa gerar.
triste pela forma como o medo nos verga.

ajj...

o senhor vale tudo. ou será, tudo vale?

saudade...

"fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos
habitados por uma memória."

josé Saramago

da reversibilidade...

o branco calmo...
calmo, calmo, calmo...

caos calmo

antonello grimaldi

[2008]